A Tale of Anxiety and Self-Discovery.
Ansiedade: Porque quem não gosta de uma festa surpresa diária organizada pelo próprio cérebro, completada com medos irracionais e participações injustificadas dos piores cenários possíveis?
Texto em english e português.
Tudo que sei é que era o mês de maio e eu tinha 18 anos. Estava a passar alguns dias despreocupados com amigas em Viseu, mergulhado na alegria da juventude. Uma noite fomos assistir a um concerto. Os Da weasel, acho eu.
Na manhã seguinte ao concerto, acordei a sentir-me mal, mas não sabia explicar o que estava a sentir. O meu coração batia implacavelmente, não conseguia respirar e o mundo ao meu redor girava como uma dança caótica. Eu estava convencida de que estava à beira da morte. No momento em que a vida na faculdade estava a começar, senti que tudo estava acabar injustamente. Levada à pressa ao hospital por uma amiga preocupada, os médicos permaneceram surpreendentemente calmos, atribuindo os meus sintomas à necessidade de relaxar. “Sente-se e relaxe”, disseram eles, como se o tumulto dentro de mim fosse uma mera ilusão. Deram me algo que hoje reconheço como ansiolítico ou calmante.
Os meus pais vieram-me buscar e preocupados levaram-me de volta a casa, mas apenas para ouvir o mesmo diagnóstico do nosso médico de família: relaxar e aproveitar a vida. Mas como poderia eu, quando cada fibra do meu ser gritava que algo estava terrivelmente errado? Naquela época, a ansiedade era um espectro silencioso, uma força incompreendida que assombrava sem explicação. A ansiedade era um segredo sussurrado, uma aflição mal compreendida e sem espaço no discurso social. Meus pedidos de ajuda foram recebidos com conselhos bem-intencionados, mas desdenhosos – “apenas relaxa, diverte-te com seus amigos”. Mal sabia eu que isso marcou o início de uma batalha que iria ofuscar a minha vida por anos.
Anos de psicoterapia (sincero obrigada á minha psicóloga), estudos de psicologia, uma biblioteca de livros depois e ouvindo outros que passaram pelo mesmo, agora entendo.
Aos 18 anos, estava numa encruzilhada com o meu futuro profissional, a lutar contra a baixa auto-estima e a falta de segurança emocional, mas a genética também desempenhou o seu papel, tornando-me mais suscetível às garras da ansiedade. A aceitação veio com o tempo. O meu corpo estava programado para ser mais suscetível à ansiedade. No entanto, através de inúmeras sessões de terapia e de uma revolução pessoal, aprendi a aceitar e até a apreciar minha sensibilidade elevada. Sinto tudo profundamente e, embora venha acompanhado de desafios, é uma característica que não trocaria por nada. Mas naquela época, a ansiedade alimentava as minhas inseguranças, fazendo-me sempre questionar o meu valor e por que não poderia ser eu “forte como toda a gente”.
Os medicamentos e amigos que me apoiavam, tornaram-se minha tábua de salvação, oferecendo alívio, mas nunca cura. A ansiedade ia e vinha, sempre à espreita nas sombras, e eu vivia com medo constante de seu regresso.
Aos 35 anos, com dois filhos e uma separação recente, a ansiedade atingiu o seu apogeu. Foi o período mais sombrio da minha vida.
A minha psicóloga foi a minha guia na tempestade. A jornada não foi fácil. Dois anos lutando contra a ansiedade enquanto criava dois filhos levaram-me ao limite. Eu tinha ataques de pânico todos os dias, com dois bebés debaixo do braço.
A viagem para a auto-descoberta tinha começado, desvendando as camadas do meu passado e presente.
Hoje, criei uma vida que se alinha ao meu bem-estar – dormir cedo, exercícios, alimentação nutritiva, caminhadas pela natureza, relacionamentos de segurança. A ansiedade é uma companheira constante, mas agora possuo as ferramentas para navegar nos seus altos e baixos. Aprendi a expressar meus sentimentos, e a nunca me contentar com uma vida incongruente com meus desejos. Isto é o que eu preciso.
Muitas vezes pergunto-me, porque procurar apoio em saúde mental não era uma norma na minha família. Ao abraçar a terapia, descobri não apenas um remédio para a ansiedade, mas uma ferramenta profunda para a auto-descoberta. Conhecer-nos, curar as nossas feridas – é o maior presente que podemos dar a nós mesmos e àqueles que nos amam.
A cura, descobri eu, é um processo contínuo – um compromisso de conhecer e compreender-se a si mesmo.
Então eu pergunto-te: do que precisas? Qual é o teu caminho para a auto-descoberta, resiliência e força? Abraça esta viagem, pois ao nos compreendermos, pavimentamos o caminho para uma existência mais autêntica e assim mais serena.
A ansiedade é como um GPS realmente indeciso – está constantemente a recalcular trajectória e, na metade das vezes, quer que faças meia-volta sem motivo aparente.
Como o conhecimento tem sido muito benéfico para mim, incluí abaixo alguns dos sintomas mais comuns associados a ansiedade/ataques de pânico:
(só para divertimento (not) pus um check em tudo que sinto/sentia na ansiedade)
Batimento cardíaco rápido ou palpitações ✓
Falta de ar ou hiperventilação ✓
Suar e/ou mãos frias e húmidas ✓
Tremer ✓
Tonturas ou desmaios ✓
Sentimentos intensos de apreensão ou pavor ✓
Irritabilidade ou inquietação ✓
Dificuldade de concentração ou sensação de nervosismo ✓
Uma sensação constante de destruição iminente ✓
Sentimentos persistentes de estar "no limite" ou tenso ✓
Evitar situações que induzem ansiedade ✓
Dificuldade para dormir ou padrões de sono interrompidos ✓
Tensão muscular ou dores ✓
Mudanças no apetite
Quanto ao momento do ataque de pânico:
Dor ou desconforto no peito
Falta de ar ou sensação de sufocamento ✓
Palpitações cardíacas ou coração acelerado ✓
Suando ou calafrios ✓
Tremendo ou tremendo ✓
Medo avassalador ou uma sensação de destruição iminente ✓
Sentindo-se desligado da realidade ✓
Sentimentos intensos de terror ✓
Medo de perder o controle ou enlouquecer ✓
A vontade de escapar ou fugir da situação ✓
Clamando por ajuda ou garantia imediata ✓
Evitar locais ou situações que possam desencadear um ataque de pânico ✓
Bem, parece que há pouco que eu não sinta..
Coisas que ME ajudaram (pode ser diferente para cada pessoa):
Exercício regular:
Praticar atividade física para libertar a tensão acumulada e aumentar as endorfinas. Mesmo uma curta caminhada pode fazer uma diferença significativa.
Procure ajuda profissional:
Consultar um profissional de saúde mental, como um psicólogo ou terapeuta especializado em transtornos de ansiedade.
Identifique os gatilhos:
Manter um diário para registrar situações ou pensamentos que precedem a ansiedade ou os ataques de pânico. Compreender os gatilhos podem ajudar a lidar com a situação de maneira mais eficaz.
Práticas de auto.cuidado:
Prioritizar o auto-cuidado garantindo um sono adequado, mantendo uma dieta balanceada e participar de atividades que gostemos.
Lembra-te de que a experiência de cada pessoa com ansiedade e ataques de pânico é única e que buscar orientação profissional é crucial para um suporte personalizado. Se tu ou alguém que conheces estiver a passa por dificuldades, procura um profissional de saúde mental ou uma linha de apoio para obter assistência.
Mais uma vez este é um espaço aberto de partilha, por isso não hesites. Não estás sozinha(o).
Amor e esperança,
Sofia Martins Fotografia
"I've got 99 problems, and 98 of them are completely imaginary."
All I know is, it was the month of May, and I was 18 years old. I had spent a few carefree days with friends in Viseu, soaking in the joy of youth.
The morning after the concert, I awoke feeling sick. My heart pounded relentlessly, breath escaped me, and the world around me spun in a chaotic dance. I was convinced I was on the brink of death. Just as life at college was beginning, I felt it slipping away unfairly. Rushed to the hospital by a concerned friend, the doctors remained surprisingly calm, attributing my symptoms to the need to relax. "Sit and relax," they said, as if the tumult within me was a mere illusion. They handed me a remedy I now recognize as anxiolytics.
My parents arrived and concerned took me back home, but only to hear the same prescription from our family doctor—relax and enjoy life. But how could I, when every fiber of my being screamed that something was horribly wrong? In those days, anxiety was a silent specter, a misunderstood force that haunted without explanation. Anxiety was a whispered secret, a misunderstood affliction with no room in societal discourse. My pleas for help were met with well-intentioned but dismissive advice – "just relax, have fun with your friends." Little did I know, this marked the beginning of a battle that would shadow my life for years.
Years of psychotherapy (heartfelt thank you to my psicologist), psychology studies, a library of books later, and listening to others that went through the same, I now understand.
At 18, I stood at the crossroads of my professional future, grappling with low self-esteem and a lack of emotional security, but genetics also played its part, rendering me more susceptible to anxiety's grip. Acceptance came with time. My body was wired to be more susceptible to anxiety. Yet, through countless therapy sessions and a personal revolution, I've learned to accept and even appreciate my heightened sensitivity. I feel everything deeply, and though it comes with challenges, is a characteristic I wouldn't trade for anything. But back then, anxiety fueled my insecurities, making me question my worth and why I couldn't be "strong like everybody else."
Medication and supportive friends became my lifelines, offering relief but never a cure. Anxiety ebbed and flowed, always lurking in the shadows, and I lived in constant fear of its return. At 35, with two children and a recent separation, anxiety reached its zenith. It was the darkest period of my life.
My psychologist was my guiding light in the storm. The journey wasn't easy. Two years of battling anxiety while raising two infants pushed me to the brink. I was having panic attacks every single day, with two babies under my arms.
The journey to self-discovery began, unraveling the layers of my past and present. Today, I've crafted a life that aligns with my well-being – early nights, exercise, nourishing food, nature walks, meaningful relationships. Anxiety is a constant companion, but now I possess the tools to navigate its ebbs and flows. And I learned to express my feelings, to never settle for a life incongruent with my desires.
I often wonder why seeking mental health support wasn't a norm in my family. In embracing therapy, I found not just a remedy for anxiety but a profound tool for self-discovery. Knowing ourselves, healing our wounds – it's the greatest gift we can give ourselves and those who love us.
Healing, I discovered, is an ongoing process—a commitment to knowing and understanding oneself.
So, I ask you: What do you need? What is your path to self-discovery, resilience, and strength? Embrace the journey, for in understanding ourselves, we pave the way for a brighter, more authentic existence.
My anxiety has anxiety about having anxiety.
Because knowledge has been so beneficial to me, I've included some of the most common symptoms associated with anxiety/panic attacks below:
(Just for fun (not) I checked all that I felt/feel through anxiety)
Rapid heartbeat or palpitations ✓
Shortness of breath or hyperventilation ✓
Sweating or cold, clammy hands ✓
Trembling or shaking ✓
Dizziness or lightheadedness ✓
Intense feelings of apprehension or dread ✓
Irritability or restlessness ✓
Trouble concentrating or feeling on edge ✓
A constant sense of impending doom ✓
Persistent feelings of being "on edge" or tense ✓
Avoidance of anxiety-inducing situations ✓
Difficulty sleeping or disrupted sleep patterns ✓
Muscle tension or aches ✓
Changes in appetite
As for the moment of panic attack:
Chest pain or discomfort
Shortness of breath or a feeling of being smothered ✓
Heart palpitations or a pounding heart ✓
Sweating or chills ✓
Trembling or shaking ✓
Overwhelming fear or a sense of impending doom ✓
Feeling detached from reality ✓
Intense feelings of terror ✓
Fear of losing control or going crazy ✓
The urge to escape or flee the situation ✓
Clamoring for immediate help or reassurance ✓
Avoidance of places or situations that may trigger a panic attack ✓
Well it turns out that there’s little that I don’t feel.
Things that helped ME (it can be different to everybody)
Regular Exercise:
Engage in physical activity to release built-up tension and boost endorphins. Even a short walk can make a significant difference.
Seek Professional Help:
Consult with a mental health professional such as a psychologist or therapist who specializes in anxiety disorders.
Identify Triggers:
Keep a journal to track situations or thoughts that precede anxiety or panic attacks. Understanding triggers can help you manage and cope more effectively.
Self-Care Practices:
Prioritize self-care by ensuring adequate sleep, maintaining a balanced diet, and engaging in activities you enjoy.
Please remember that everyone's experience with anxiety and panic attacks is unique, and seeking professional guidance is crucial for personalized support. If you or someone you know is struggling, reach out to a mental health professional or a helpline for assistance.
Once again this is an open space for sharing, so please don't hesitate. You are not alone.
Love and Hope,
Sofia Martin Photography